07 agosto 2011



Eles haviam combinado de se encontrar às 3, na casa dela. Ele caminhou até lá, pensativo. Ao apertar a campainha, percebeu que a porta estava entreaberta, e caminhou em direção à sala. A casa estava silenciosa, não havia barulho nenhum. Ele chamou pelo nome dela, e ninguém respondeu. Caminhou até seu quarto, e ao passar pela sala, percebeu algo estranho. Ela estava estirada no chão, sangrando por todo o corpo, tinha os olhos fechados e não respirava. Sentiu seu coração doer. Sem saber o que fazer, começou a gritar. O desespero era maior que qualquer coisa naquele momento. Antes que pudesse perceber, lágrimas escorriam pelo seu rosto, sem ter a intenção de parar. Seus soluços falavam mais alto do que sua própria voz. Parecia ser o fim naquele momento, de tudo.Implorava por socorro, enquanto via todo o sangue escorrer. Quando pode ver, na mão direita dela havia uma faca. Sua vontade naquela hora foi de pegá-la e se matar de uma vez. Mas ele precisava ser forte. Precisa mostrar o quanto aquela garota era especial. Enquanto a socorria, viu um pedaço de papel sobre sua mão esquerda. Não só um simples pedaço de papel… uma carta. Uma despedida. Uma razão. Qualquer coisa que pudesse justificar a extrema dor que estava lhe dominando por inteiro. 
 A carta: “Estou aqui, no mesmo lugar de sempre. No lugar em que tudo entre nós havia começado. Eu lembro de como seus olhos estavam brilhando naquela noite. De como eu estava triste e de como você me fez bem. Acredite, eu não queria me apaixonar por ninguém além de mim mesma porque eu sabia que iria foder tudo. Está frio e com certeza nada pode substituir o calor do teu corpo. Já te disse como o teu sorriso é lindo? Consegue me acalmar quando a minha vontade é de gritar pro mundo inteiro. Entre todas as vezes que eu sorri também, você acabou acreditando. E tem noção de quantas vezes eu fui a sua última escolha? Tem noção de quantas noites como essa eu passei chorando em vão? Tem noção de como eu me culpo por não significar tudo para ti? Não, você não tem. Ninguém tem, e ninguém sabe o quanto esse abismo está tomando conta de mim. Lembra de quando eu disse que a única razão para eu continuar era você? Então, isso foi uma puta verdade. Ainda estou te esperando, cadê você? Por onde está? Será que se lembra de mim? Você não presta. Você não presta por ter inventado uma alucinação em mim, me certificando de que nós seríamos eternos. Eu sofri por você esse tempo todo, e embarquei na maior luta da minha vida, que seria para te ter. Sabe o resultado? Eu perdi toda minha força por ti e isso não significou nada. Eu não signifiquei nada para você, pra ser exata. Cale a boca, eu não terminei de falar. Você tem essa mania de querer fazer o errado o tempo inteiro, mesmo quando eu quero que as coisas fiquem em paz. Você tem essa mania de olhar pro chão quando fica sem respostas para as minhas perguntas, e de deixar o seu cabelo bagunçado mais do que o normal quando fica nervoso. Quando você fica com sono, seus olhos diminuem bastante de tamanho. Quando você fica feliz, a sua capacidade de dizer palavrões aumenta em mil vezes. Quando você tenta me beijar, você fica encarando nos meus olhos por uns sete minutos. Quando você diz que não tá bem, não aceita questionários sobre o que aconteceu. Mas sabe qual é o problema? Isso são coisas que eu reparei em você. Que eu abri mão do mundo para reparar. Não, você nunca mais pegou na minha mão com aquela fragilidade de antes. Você nunca mais aceitou os elogios bobos que costumávamos dizer. Você nunca mais voltou a ser o mesmo de antigamente. E se eu disser que sinto falta? Eu também sinto muita falta de quem eu era antes de você. Mas de fato, foi tu a pessoa em que conseguiu segurar o meu universo pelas mãos. Me desculpa, vai. Me desculpa por ter sido tão covarde e nunca ter expressado isso que ainda tento expressar. Me desculpa, mas você nunca mais olhou para mim da forma em que olhava antes. Não, não é culpa sua. A culpa é totalmente minha por ter sido tão inocente e ter acreditado que daria certo. Ninguém nunca conseguirá substituir essa quantidade absurda de como eu sou sua. E eu continuarei pertencendo a você, mesmo distante. Eu só não… aguentava mais, entende? Eu não aguentava mais continuar me sentindo tão inútil e frágil. Não aguentava mais amar tanto você ao ponto de esquecer de mim pra pensar só em ti.”